segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Minissérie Mad Maria

A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, construída no coração da floresta Amazônica entre 1907 e 1912, foi uma das mais ousadas obras da engenharia ferroviária em todos os tempos. Estendida por mais de 300 km, foi aberta em meio a incríveis dificuldades climáticas e sanitárias, comuns à selva tropical, para prover a Bolívia de uma saída comercial pelo Atlântico. Poucos anos depois da sua inauguração em 1912, com o declínio da extração da borracha, ela foi desativada, restando por lá algumas locomotivas e outros trastes ferroviários como testemunhas mudas do enorme esforço inútil despendido na construção daquela que foi chamada de Ferrovia do Diabo, ou simplesmente Mad Maria

Depois da Reforma

No dia 5 de dezembro, a prefeitura de Porto Velho, após uma série de entraves legais e acusações de dilapidação do patrimônio histórico, reabriu para a comunidade da capital a praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Um trabalho de revitalização realizado com a supervisão do Iphan.
Na abertura dos “portões” foi apresentado para a comunidade o que foi realizado até o momento, após três anos do inicio da execução do projeto. Dois galpões restaurados, a reforma do anfiteatro, calçamento e urbanização do pátio, além de um calçadão no perímetro entre as ruas Dom Pedro II e 13 de Maio. Foram construídos ainda cinco pequenos quiosques, realizada a iluminação e aplicada grama esmeralda em rolos.

A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

A Estrada de Ferro Madeira – Mamoré, também conhecida como a estrada do “diabo” pelas perdas humanas ocorridas durante a sua construção, foi construída no período de 1907 a 1912, num projeto de interligar Porto Velho a Guajará – Mirim, estado de Rondônia, na fase áurea da borracha amazônica. Milhares de trabalhadores morreram durante a construção, não somente por acidentes de trabalho, mas vítimas de doenças tropicais.
Com o intuito de criar uma passagem sobre o rio madeira, na época em que o Brasil adquiria a posse sobre o estado do Acre pelo tratado de Petropolis , foi implantado o projeto “Madeira-Mamoré Railway” que objetivava facilitar a distribuição da borracha amazônica proveniente das matas bolivianas e brasileiras até Porto Velho, que funcionário como ponto de escoagem.
A partir de Porto Velho, a borracha e outras mercadorias seguiam via fluvial pelo rio Madeira e pelo rio Amazonas até o oceano Atlântico. Antes da construção da ferrovia, a borracha seguia em canoas artesanais feitas pelos índios.
O projeto da ferrovia recebia investimentos do empresário norte-americano Percival Farquhar. A ferrovia foi finalizada em 30 de abril de 1912, data que marcou a fundação da cidade de Guajará-Mirim.
Com a decadência da borracha brasileira, em decorrência do plantio da seringueira na Ásia, a ferrovia também entrou em crise. Nos anos 30, a Estrada de Ferro foi parcialmente desativada, sendo destinada ao abandono.
Nos anos 50, voltou a operar servindo na distribuição de mercadorias e passageiros, integrando as dezoitos empresas da Rede Ferroviária Federal. Porém, os prejuízos permaneciam,  em 1966, a ferrovia foi desativada por completo pelo então presidente Castelo Branco.
A ferrovia seria substituída pela construção das rodovias BR-425 e BR-364 entre Porto Velho e Guajará-Mirim. O abandono total da ferrovia iniciou-se em 1972. Retornou à atividade em 1981, cobrindo um trecho de 7 km, para fins turísticos, sofrendo novo abandono no ano de 2000

Por Dentro Do Museu

Sobre o Museu

O Museu ferroviário de Porto Velho é o resultado da luta da população pelos testemunhos da história regional, somada à sensibilidade do Governo de Rondônia. O Governador Jorge Teixeira de Oliveira atendendo ao apelo dos porto-velhenses, incumbiu-se de realizar o cadastramento do acervo restante da lendária Madeira-Mamoré visando à organização e instalação do Museu, no Galpão número 1, restaurado em 1981. Paralelamente, constituiu uma comissão composta pelo engenheiro Luís Gonzaga Ferreira, sargento João Dantas e o ferroviário Dionísio Schockness visando verificar a viabilidade da reativação do trecho compreendido entre Porto Velho e Santo Antônio.

No dia 3 de maio de 1981, a locomotiva número 12, após árduas negociações com o Cel. Carlos Alberto Quijano, Comandante do 5° BEC que se negava a entregar tão preciosa relíquia, graças ao trabalho da historiadora Yêdda Pinheiro Borzacov, foi finalmente conduzida para o Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.